Aspectos do Envelhecimento

Aspectos do Envelhecimento

Aspectos do Envelhecimento. Se você quer saber quais aspectos são considerados para dizer que alguém está velho, fique até o final deste artigo, que o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube aborda temas como Dor, Sono, Parkinson, Emoções e Neurologia Geral, vai falar mais sobre isso hoje.

O que Diz que Alguém Está Velho?

Isso é definido por um conjunto de características biológicas, psíquicas e comportamentais, relacionadas ao envelhecimento natural do ser humano. Algumas delas são de doenças – às vezes, consideradas normais. Enquanto outras são realmente esperadas pela espécie. E o que podemos fazer para retardar ou modificar essa forma de envelhecimento?

Pele – uma Marca do Passar do Tempo Muito Visível

Antes de qualquer coisa, precisamos reconhecer quais são essas características que dizem que estamos ficando mais velhos. E a forma mais fácil de todas é através do que vemos, ou seja, da pele. Ela é uma marca do tempo muito visível, porque está às claras para toda e qualquer pessoa. E acontece um grande número de alterações relacionadas ao envelhecimento da pele.

Uma das coisas que mais faz a pele envelhecer é a exposição à luz solar. As rugas de expressão, principalmente, devido ao fotoenvelhecimento, que é o envelhecimento relacionado à luz do sol, afetam especialmente as áreas mais expostas pela luz, como o rosto, a face, o pescoço e as mãos. E isso acaba deixando a pele toda enrugada e cheia de dobras, que são algumas características de uma pessoa idosa.

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Além disso, existe também uma alteração no número de pigmentos da pele. O número de melanócitos diminui, mas a quantidade de melanócitos restantes aumenta de tamanho. Então, a pele acaba ficando mais fina e translúcida, é aquela pele de velho que você olha e vê as veias todas ali. E, às vezes, está cheia de pintas (os melanócitos que sobraram e ficaram maiores).

Existe outra característica do envelhecimento que é a do tecido conjuntivo – a pele imediatamente abaixo da derme (que é a mais externa) e antes da gordura – que muda a sua resistência e a sua elasticidade; fica uma pele menos elástica e com aspectos grosseiros – muito comum de quem trabalha e vive no sol, como marinheiros, fazendeiros e caminhoneiros, por exemplo.

Tem um caso muito interessante de um caminhoneiro que trabalhava todo dia fazendo, durante a manhã inteira, um trajeto em que recebia luz solar só em um lado do rosto. Quando voltava, já não pegava sol do outro lado. O que fez com que a pele de um lado do rosto ficasse envelhecida e do outro não. E isso é uma prova muito cabal de como a exposição solar contínua causa o envelhecimento da pele.

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Impacto nos Vasos Sanguíneos

Outra característica do envelhecimento da pele são os vasos sanguíneos que acabam ficando mais frágeis. Os capilares e todos os vasos da superfície da pele, ao invés de serem elásticos e resistentes, acabam ficando frágeis, finos e fáceis de arrebentar. Se eles ficam frágeis, isso acaba causando hematomas e manchas na pele, deixando um aspecto de sangramentos debaixo da pele, o que é muito comum nos braços e do passar da idade.

Controle de Oleosidade

Também é importante citarmos, por exemplo, as glândulas sebáceas dos pacientes, que reduzem o número de produção de oleosidade. Em homens, essa redução começa, fundamentalmente, após os 80 anos de idade e nas mulheres, essa oleosidade vai reduzindo gradativamente após a menopausa. E isso pode resultar em uma pele seca, às vezes, cheia de rachaduras, com coceiras e até com algumas feridas, dependendo de quão espesso e grande foi o rachado.

Aspecto Comumente Observado

Outra característica marcante relacionada ao envelhecimento e que todo mundo reconhece são os cabelos, que vão ficando mais grisalhos e até mesmo brancos. Tipicamente, as pessoas ao redor dos 50 anos começam a ficar grisalhas. Mas, esse padrão é diferente e além de ter a perda da sua cor – tendência a ficar branco – também existe a perda do cabelo.

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Em homens ao redor dos 50 anos, de 30% a 50% perdem os cabelos. Enquanto um quarto das mulheres também acaba tendo uma perda capilar muito significativa e isso tudo acaba sendo uma característica comumente associada ao envelhecimento.

Hormônios

Os hormônios sexuais femininos têm um pico na casa dos vinte anos e depois vão tendo um decaimento até chegar à menopausa, que é quando praticamente ficam extinguidos, e isso gera uma gama enorme de alterações fisiológicas na mulher, como físicas, psíquicas, ósseas, musculares, padrão de sono, humor, etc.

Já nos homens, isso é diferente. Eles têm certa queda, mas ela é progressiva e não há uma interrupção da testosterona. O pico de testosterona é na casa dos 20 anos de idade (em que está com 100%), depois dos 35 (mais ou menos 75%), aos 40 (65%, 70%), depois aos 50 (55%, 60%). Ou seja, vai caindo cerca de 5% da quantidade total do hormônio a cada 05 anos.

Isso não chega a zerar, mas dependendo de como a pessoa vivencia o estresse e as sobrecargas psíquica, emocional e física, essa queda pode ser mais acentuada com o passar do tempo. O que também implica em uma gama de alterações em todo o corpo, como quedas de energia, da massa muscular e da libido, diminuição de iniciativa e energia, etc.

Envelhecimento e a Constituição Física

A constituição física tem um decaimento a partir dos 30 anos, em todo o corpo humano, e isso vai indo de maneira gradativa até os 70 anos de idade, que é quando normalmente fica estável.

Ou seja, a pessoa tem um ganho de massa, de composição corporal, até o pico dos 30 anos – começa a subir até fazer um platô. Dos 30 em diante, começa a ter um decaimento – vai caindo, chega nos 70 anos e depois fica mais ou menos um platô, que pode ter oscilações, mas normalmente fica relativamente estável. E essa perda de constituição física é tanto do aspecto de massa magra, quanto de músculos e de perda óssea.

Relação Existente com a Fragilidade

A fragilidade é uma síndrome de diminuição de força física, de atividade e de desempenho físicos e de energia, que afeta até 25% das pessoas com mais de 85 anos de idade. Ela é um composto global da fragilidade do idoso (de resistência física da constituição física, própria do corpo).

E com isso, a pessoa está mais frágil mesmo: se cair, ela quebra; se for apertada, machuca; se fizer qualquer coisa com ela, o corpo tem poucas chances de aguentar (seja um estresse físico, uma doença ou qualquer coisa do tipo).

Aterosclerose

A aterosclerose, que está relacionada à constituição física, é o endurecimento das paredes dos vasos. Todos os vasos são flexíveis para terem a pulsação. Mas, com o passar do tempo, é comum ter esse enrijecimento – o vaso vai ficando mais duro. E além de ficar mais duro, muitas vezes, pode ter deposição de gordura na parede do vaso e isso também é normal com o envelhecimento.

Todo mundo que vai envelhecendo tem essa deposição de gordura de uma maneira específica, que está dentro da normalidade. Se ela fica em um volume, em uma quantidade muito absurda, isso está relacionado com doença de aterosclerose, que pode gerar o entupimento da artéria.

Logo, a artéria que era pra ser mais ampla, fica muito fechada e entupida, o que pode causar acidentes cardiovasculares, como infarto, AVC e o entupimento de outras artérias, como a renal, a aorta, a femoral, a ilíaca, etc.
Mas, os casos mais graves e comumente observados são os de AVCs, que são o entupimento das carótidas, das coronárias, que é o coração, e o entupimento das artérias que vão para os pés e as pernas, podendo gerar insuficiência arterial periférica.

Globalmente, é a causa mais comum de morte. E o envelhecimento dos vasos causa esse remodelamento, essa perda de elasticidade e a rigidez, e ainda colabora extremamente para essa característica. Portanto, para não ter isso, é preciso ter um estilo de vida não sedentário, não ter inflamação sistêmica e nem um excesso de colesterol no sangue.

Envelhecimento e a Capacidade Biológica de Sobrevivência

Em relação à constituição física, o corpo humano sempre teve certa expectativa x de vida, que foi aumentando com a medicina. Apesar de ainda não sabermos o seu limite, a expectativa de vida hoje pode chegar até os 105 anos.

A expectativa de vida máxima de alguém foi de 115 e tem um caso anedótico de 122 anos, mas isso tudo é mais uma exceção do que a regra. E a capacidade de o corpo se manter vivo tem um limite biológico, da nossa genética e tem a expansão do que conseguimos em relação à própria medicina.

Mobilidade e Equilíbrio

O corpo humano tem a sua flexibilidade, o seu equilíbrio e os seus reflexos, tendo um pico disso na casa dos 20 anos. E se não tem um constante exercício, uma constante prática do exercício dessas habilidades neurológicas e físicas, vão acontecendo um retrocesso e um atrofiamento delas.

Os músculos vão perdendo a capacidade de responder aos exercícios e às lesões, e vão apresentando essas perdas de massa muscular e de força, que é a sarcopenia – que é comum. Sem contar que há o decaimento da aptidão cardiorrespiratória, que é a capacidade da pessoa conseguir manter o fôlego enquanto corre, de produzir o trabalho do exercício da corrida.

E com o passar do tempo, ela não vai conseguindo mais manter a capacidade de exercício, de corrida, ou seja, de capacidade física mesmo. É igual o jogador de futebol: ele tem a produção, o pico máximo, trabalha, mas depois da casa dos 30, ele vai decaindo. Raros são os profissionais que mantêm a carreira após os 40 anos de idade, porque cai muito a capacidade vital (física), com o passar do tempo.

A força e a mobilidade das mãos diminuem durante o processo do envelhecimento. Essas coisas incluem força de mão, dos dedos, a capacidade de controlar a força de pinça (manter a postura da mão e a pinça precisa) e a velocidade manual, a sensação da mão. Enfim, toda a parte motora fina da mão não vai sendo mais a mesma.

O indivíduo pega e não tem o mesmo tato de antes – o motor fino de pegar já vai diminuindo, porque tem o enrijecimento, o envelhecimento, a sensibilidade muda e ele não vai ter mais o mesmo tato. Então, ele tem que ver o que precisa pegar antes de tocar sem o auxílio da visão, dificultando a atividade motora fina. Prova disso é que para um idoso passar a linha na agulha, fica bem mais difícil.

E estudos mostraram que em uma coorte de 60 a 64 anos, a incidência de osteoartrite aumenta 53%. Ou seja, mais da metade das pessoas têm algum tipo de osteoartrite, que é uma artrose do joelho, da mão ou da coluna.

Mas, apenas 20% dessas pessoas têm uma osteoartrite incapacitante nessa idade. Logo, apesar de ser comum, a maioria não tem uma complicação maior. Então, faz parte do envelhecimento e é normal ter alterações degenerativas articulares.

Envelhecimento e os Sentidos

Em relação aos sentidos, como visão, audição, paladar, olfato, tato e todo o sentido físico que possuímos, todos apresentam características relacionadas ao envelhecimento.

Visão

A visão tem um decaimento a partir dos 35 anos de idade, porque a musculatura que envolve o cristalino – é aquela lente do olho que encolhe e estica para poder ajustar a visão para perto e para longe – ou seja, os músculos ciliares do cristalino, após esta faixa etária, começam a perder a força gradativamente. E com isso, a partir dos 45, 50 anos de idade (tipicamente após os 50), começa a vir o que é chamado de presbiopia.

A presbiopia é essa perda de capacidade do cristalino se adaptar para longe e para perto. Então, a pessoa acaba tendo que esticar a mão para poder ver. Portanto, o cristalino tem dificuldade em se adaptar para enxergar de perto. E com isso, ela tem a síndrome do dinossauro, em que o braço vai ficando curto e a pessoa continua esticando, mas mesmo assim não consegue enxergar.

E isso é uma coisa comum e relacionada ao envelhecimento. Tanto por conta da musculatura do olho, quanto pela própria lente do cristalino que vai ficando mais dura – a lente que antes era macia (esticava e encolhia facilmente) – começa a endurecer. Isso muito por causa de uma proteína que se chama alfa-cristalina. Se ela é submetida a temperaturas altas – quanto mais altas, maior o enrijecimento –, mais é acelerado esse enrijecimento.

Audição

Outra característica é a presbiacusia. “Acusia”, de acuidade auditiva e “presbi”, de senilidade, da velhice. Metade das pessoas acima dos 75 anos de idade tem alguma perda auditiva significativa, que é a presbiacusia, inibindo a capacidade de comunicação falada.

E isso ocorre desde quando nascemos e temos uma gama de receptores na cóclea, que é o que faz a percepção do som, é o que nos permite ouvir. Nós temos uma sensibilidade altíssima, inclusive para sons agudos, que são de uma frequência muito alta, e para os sons graves, que têm uma frequência mais baixa.

Os sons agudos vão diminuindo, rapidamente, logo que começamos a envelhecer desde bebês – mantemos uma faixa normal e depois vamos tendo uma queda com o passar da idade.

Ao fazermos a audiometria, vemos as frequências. As mais altas vão caindo primeiro até afetar as frequências do meio de tabela, que é a frequência da fala humana. Quando chega a afetar a frequência intermediária, a pessoa acaba tendo perda auditiva, especialmente para fala de outras pessoas.

E é nesse momento que precisamos avaliar se devemos fazer uso ou não de um aparelho auditivo. Ter essa perda natural é comum, mas não podemos deixar chegar ao ponto de perder a audição da fala humana.

Turvação do Cristalino – Uma Característica Normal e Comum do Envelhecimento

O cristalino, que é uma lente transparente, além de ficar mais duro, também pode ficar opaco. Se ele vai ficando esbranquiçado, essa condição chama-se catarata, que é comum e esperada na evolução do ser humano.

Tanto que tem um estudo muito grande e muito bem feito, da população dos Estados Unidos, em torno dos 80 anos de idade, em que mais da metade das pessoas tem uma catarata que justifica ser operada. Logo, se é mais da metade das pessoas na casa dos 80 anos, então isso é uma coisa normal e esperada para o ser humano.

No infográfico abaixo, veja um resumo dos aspectos do envelhecimento:

Aspectos do Envelhecimento

Lucidez do Idoso – Aspecto Relacionado às Faculdades Mentais

Ao contrário do que todo mundo pensa, não é normal o idoso ficar gagá. Foram realizados vários estudos com idosos não doentes para determinar quais faculdades mentais são preservadas e quais não são, o que tem decaimento e o que não tem, e eu vou citar cada uma delas.

Orientação Espacial

A orientação espacial é a capacidade de sabermos onde estamos (em qual país, estado, cidade, bairro, rua, edifício e cômodo, por exemplo). E por incrível que pareça, ela é preservada durante toda a vida.

Foram realizados estudos com pessoas de várias idades (inclusive acima dos 90 anos) e cerca de 92% dos idosos normais – que não têm doenças – possuem uma orientação espacial perfeita. Ou seja, se o vovô está ficando desorientado, não sabe onde ele ou as coisas estão, isso é anormal, não é da idade. Então, fiquem atentos.

Atenção

A atenção é a capacidade de mantermos o foco e a energia mental em uma atividade, e de termos a sustentação desse processo de atenção nessa ação ou de dividi-la em mais de uma tarefa. Além de ser uma capacidade humana complexa que envolve uma gama de aspectos, como os sentidos e o cérebro preservados, os hormônios, o sono, o estado emocional, entre outros elementos que podem influenciar a capacidade de atenção de uma pessoa.

Esse aspecto também foi estudado excluindo idosos que tinham transtornos do sono; problemas emocionais, de visão, de audição; dores contínuas; doenças hormonais descontroladas, falta de vitamina, etc.

E, por incrível que pareça, ela mantém-se preservada em pessoas que não têm doenças. O que é muito interessante, porque muitas vezes acreditam que o idoso não apresenta a mesma atenção de antes, mas ele a tem, desde que não haja outros elementos que prejudiquem a atenção dele.

Na atenção existem vários sub elementos relacionados a ela, como: atenção dividida, sustentada, alternada, com capacidade de resposta, entre vários outros tipos dos quais a pessoa pode ser avaliada.

E a atenção do idoso que está mais prejudicada é a sustentada. Ele apresenta maior dificuldade de ter uma atenção em uma coisa e de sustentá-la por mais tempo do que o jovem. Mas o processo de atenção do idoso normal não é prejudicado. O que prejudica comumente a atenção do idoso são as comorbidades.

Se o idoso não está com a audição e nem com a visão boas, nem dormindo bem; se ele está depressivo, tendo dor e/ou um monte de outras coisas, ele não vai conseguir prestar atenção. Óbvio! Mas, às vezes, não tanto para os familiares. Então se a pessoa quer envelhecer bem e preservando a atenção, tem que conservar os demais fatores que a afetam.

Memória

A memória é problemática. Ela é avaliada e todo mundo já tem um conceito de que idoso tem problema de memória – e é muito comum ver o idoso tendo dificuldades de memória. Essa avaliação em relação à memória foi a que mais gerou trabalhos e estudos para poder conseguir avaliar o que é uma evolução normal da memória do idoso e o que é doença. Justo porque a memória também é um constructo, ou seja, é um produto cerebral resultante de final de linha de várias etapas de funções cerebrais.

Olha que interessante, a memória só existe quando você teve a atenção em primeiro lugar. Quando vai falar “ah, o vovô não lembra onde deixou o celular”, ele está com problema de memória – não consegue evocar aquela memória, se lembrar de onde deixou o celular – ou ele não prestou atenção onde colocou o aparelho em primeiro momento?

“Vovô não se lembrou de trazer tal coisa do supermercado que pedimos”. Ele não lembrou, não prestou atenção ou nem sequer ouviu o seu pedido em primeiro lugar? Então, para analisarmos os problemas de memória, têm que ser avaliados vários outros elementos antes. Às vezes, o vovô não está se lembrando de um pedido, porque ele não prestou atenção ou não está ouvindo bem.

Portanto, para estudarem a memória, precisaram fazer uma gama de avaliações prévias nos idosos. Tiveram que ver se não estavam com problemas de audição e de visão, ou se os mesmos estavam devidamente corrigidos.

Assim como analisaram se não estavam com problemas relacionados à atenção, como depressão; ansiedade; insônia; apneia do sono; epilepsia; doenças hormonais, vitamínicas, nutricionais, entre outros. Caso não apresentassem nada disso, aí sim conseguiriam fazer estudos para ver uma evolução normal da memória de um idoso.

Tipos Existentes de Memória

E nisso, olha que interessante, temos uma gama de tipos de memória, que podem ser: semântica, episódica, de trabalho, já consolidada, física e operacional.

  • Memória Semântica

A semântica é a memória de um conteúdo (conteúdo semântico). Por exemplo, a pessoa leu um poema e gravou-o na cabeça. Semântico é a nossa comunicação, a nossa linguagem, é conseguirmos guardar uma informação.

  • Memória Episódica

É a memória do dia a dia, dos episódios: o que eu tomei de café da manhã, como foi o meu banho, como foi vir aqui para a Clínica hoje pela manhã, quem eu encontrei… basicamente, é a memória das coisas do dia a dia.

  • Memória de Trabalho

É aquela memória que retemos um pedaço de informação para uma coisa curta, daquele momento. Por exemplo, você viu uma sequência de números que chegou por SMS no seu celular e tem que guardá-la para digitar na outra tela. E isso é memória de trabalho. Você ter que reter uma informação por um curto espaço de tempo: não vai guardar aquilo depois, mas para usá-lo imediatamente.

  • Memória Operacional

A memória operacional é a de execução de uma coisa. A pessoa que aprendeu a executar certa coisa, sequências, determinada tarefa; ou seja, ela consegue manter aquela memória de procedimentos.

  • Memória Física

A física é uma memória do corpo. Como, por exemplo, a pessoa que um dia aprendeu a andar de bicicleta, vai continuar sabendo como pedalar, porque o corpo tem uma memória de como realizar a ação absorvida e isso permanece.

E o mais interessante é que dessas memórias todas, a única que tem um decaimento relacionado com a idade – e que é normal com o passar do tempo – é a episódica, aquela memória das coisas do dia a dia. Enquanto isso, a memória semântica, a declarativa, permanece – a pessoa se lembra das coisas do passado, do que estudou, de alguma coisa que aprendeu.

O indivíduo mais velho também mantém as memórias de trabalho, de guardar um número para poder digitar no telefone; de procedimentos de coisa, e a física – ele pode não ter condição de executar, mas ela está lá.

E esse decaimento da memória episódica é suave. Ele não é uma coisa assim: “ah, o idoso não lembra se botou cueca”. Ele mantém e são somente os detalhes do dia a dia que ele pode ir perdendo.

Relação com a Linguagem

Linguagem é a capacidade de se comunicar de forma verbal (de falar e de entender) e de forma escrita (de escrever e de ler). E, o mais interessante é que igual à orientação espacial, a capacidade de linguagem não tem uma queda significativa na comunicação verbal associada ao envelhecimento normal.

E por que em relação à verbal? Porque ela é utilizada o tempo todo. O uso da comunicação verbal é mantido ao longo de toda a vida. Enquanto que à escrita, pode ser que a pessoa vá deixando de escrever com o passar do tempo. Se ela vai parando de escrever, pode ter uma queda nisso: fica com dúvida de como se escreve uma palavra, como que conjuga um verbo, etc, por pura falta de uso.

Mas, a comunicação e a linguagem não têm decaimento. Tanto que se você ver que uma pessoa está tendo constante dificuldade em achar palavras, de descrever uma coisa, de conseguir se comunicar, que o vocabulário falado está ficando cada vez mais estreito, isso é uma alteração. Pode ser até uma doença que chama afasia primária progressiva.

Velocidade de Reação

Outro aspecto interessante é a velocidade de reação, que é a capacidade de uma pessoa entender uma situação e reagir a ela. E nisso há uma queda na velocidade de reação de maneira global no idoso. Tanto do processamento (resposta) físico, quanto do mental.

Isso está mais relacionado com a queda do metabolismo global da pessoa. Se antes, na casa dos 20 anos, era uma máquina que funcionava a 100 hertz – que as células, os processamentos, tudo está extremamente mais rápido –, com a queda global do metabolismo do corpo, é como se diminuísse a velocidade da máquina.

A máquina que estava funcionando a 100 hertz (a cem ciclos por segundo) e agora está a 50 Hz, tem uma queda na velocidade de processamento. Mas isso não significa que a pessoa não está entendendo. O idoso pode muito bem entender todo o processo, a situação, mas a velocidade dele ver, assimilar, compreender e tomar uma atitude (ter uma resposta) é muito menor.

Então precisamos compreender que as coisas do idoso são em outra velocidade, em outro tempo e não adianta querermos brigar ou perder a paciência – tanto que é muito comum os jovens não compreenderem isso. E a diminuição dessa velocidade não significa demência. A pessoa pode estar lúcida, normal, só que em um processamento mais lento de pensamento.

Agora, se é muito mais lento um lado do corpo do que o outro, isso é doença e é relacionada à Doença de Parkinson, em que a pessoa fica mais lenta do que o global. Logo, a lentidão simétrica (ambos os lados mais lentos), pode ser normal; mas se um lado está devagar e o outro está mais rápido, isso é sugestivo de doença.

Aspectos Psíquicos do Idoso

Estes têm características muito relacionadas com o próprio desenvolvimento biológico do corpo. Como, por exemplo, existe uma clara tendência à diminuição do comportamento de exploração.

O comportamento de exploração tem definições genéticas, tanto que hoje sabemos que existe o gene do explorador ou o gene do empreendedor. Eu vi uma reportagem muito interessante sobre os ratos, na qual o que tem o gene do explorador, explora muito mais o labirinto e fica disposto a correr riscos em nome de explorar mais e talvez de alcançar uma recompensa maior. Quem não tem o gene do explorador, se acomoda mais com aquilo que está tendo.

E ambos – tanto quem tem o gene, quanto o que não tem o gene explorador –, com o passar da idade, tendem a ter menor comportamento de exploração (de explorar fisicamente, geograficamente, de sair, de viajar, de conhecer, de fazer coisas novas, de conhecer pessoas ou coisas novas como um todo).

O idoso, justamente por queda de energia e por menor velocidade de adaptação, vai tendo maior tendência a um comportamento mais cômodo e a manter apenas os hábitos, e isso vai diminuindo muito as novas experiências. Então, olha que interessante: se a pessoa mantém os hábitos na vida, de experimentar coisas novas, de ter novas experiências, isso é manter-se jovem.

Menor Flexibilidade Mental

A flexibilidade mental é a capacidade de sair de um ponto de vista para outro; é a capacidade que a pessoa tem de ver uma coisa de um jeito e de outra maneira também. E isso tem uma explicação neurológica, porque, à medida que vão passando os anos, o cérebro vai reforçando as vias neurais que ele mais utiliza.

No início, temos uma gama absurda de conexões, os neurônios são muito interconectados. E, quando vai passando o tempo, lei de uso e desuso, aquilo que usamos muito, reforçamos e o que não usamos, atrofia.

Se a pessoa usa muito certas vias neurais, o cérebro fica muito bom em fazer aquilo que faz todos os dias. E as outras vias que tinham em relação à outra coisa que quase não fazia, uma experiência nova, uma coisa não tão fora do seu habitual, elas vão atrofiando. Então vai ficando cada vez mais difícil.

Portanto, se o idoso está acostumado a ver as coisas de determinada forma, para o cérebro dele, é mil vezes mais fácil ver daquela maneira, porque ele já está fazendo aquilo há anos. E para enxergar de outra forma, precisa buscar conexões que ele já quase não está usando ou que nem mais existe. Então, continuar com a mente flexível e com a capacidade de exercitar outros pontos de vista ao longo da vida, e ver as coisas por outro ângulo, é manter o cérebro jovem.

Sensação de Vulnerabilidade

Esta característica psíquica é muito real no idoso, porque ele está fisicamente mais frágil, o corpo não tem a mesma resistência, comumente já tem doenças, não possui o mesmo suporte social e, às vezes, nem a mesma capacidade econômica, não tem as mesmas faculdades mentais, sabe que em algum momento vai chegar o fim, etc. O que facilmente proporciona uma sensação de vulnerabilidade, especialmente se ele é colocado nessa situação.

Se a família e/ou a sociedade coloca-o como um ser vulnerável, frágil, debilitado, que só tem que ficar nos aposentos, um aposentado, se ele não presta para mais nada e é colocado nessa posição de inutilidade, ele vai aumentar muito essa visão, essa sensação de vulnerabilidade.

Ele vai ser posto em uma posição que só fica esperando a morte chegar. Mas isso muda com a alteração de postura dos jovens e da sociedade em relação ao idoso, e também do próprio indivíduo. Ele mesmo também precisa começar a ter uma postura diferente em relação a si e isso faz parte da construção de uma personalidade adequada ao século 21 do idoso.

Se você conhece pessoas idosas ou que estão se tornando idosas, ou até mesmo você que é jovem, que saiba as características do que torna uma pessoa idosa e gostou do texto, ou conhece alguém que goste ou se interesse por este tema, envie o link deste artigo.

Ele pode gostar e aprender a reconhecer e a como modificar as características que tornam um indivíduo idoso. Envie o link para mais pessoas, dê aquele like e compartilhe. Pois conhecimento, quanto mais compartilhado, melhor para todos.

Assista a este vídeo e compreenda melhor os aspectos do envelhecimento:

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