O Que Não é Normal Com o Envelhecimento

O Que Não é Normal Com o Envelhecimento

Para você que achava que idoso tem que ser decreto e doente, fique atento para saber o que Não é Normal com o Envelhecimento e assim poder cuidar melhor dos idosos que você ama.

E quem vai abordar o assunto de hoje é o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico neurologista, fundador da Clínica Regenerati e que no seu canal do YouTube fala sobre Dor, Sono, Parkinson, Emoções, Neurologia Geral, entre vários outros assuntos.

O Que Não é Normal Com o Envelhecimento

O Que Não é Normal Com o Envelhecimento

Primeiros Fatores Comuns e que Não São Normais

O envelhecimento traz várias coisas normais, das quais eu até falo em outros artigos – do que é normal e esperado com a idade –, mas existem várias outras que as pessoas consideram como normais, mas que não são. E é sobre isso que vamos falar hoje, para que possamos quebrar paradigmas e ficar mais atentos aos problemas que são reais e muitas vezes ignorados.

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Por exemplo, os idosos não têm que cair, portanto, as quedas frequentes são erradas. O normal é uma pessoa não cair nunca. Caso ela tenha algum motivo, como pisar em um piso ensaboado, passou um cachorro e se desequilibrou ou coisas assim, são normais e com motivo.

Mas mesmo assim, o esperado é terem um reflexo postural, em que o cérebro faz com que ela se vire para não cair. Nós somos bípedes e temos tendência a ficarmos de pé e isso chama-se reflexo postural. Tanto que se você empurrar alguém, ela faz o que for e não cai. Caso o idoso esteja ficando desequilibrado constantemente, tendo quedas ou quase quedas frequentemente, isso não é normal e tem que ser investigado.

Os desequilíbrios e as quedas frequentes, normalmente, são sinais de doenças neurológicas. Às vezes, podem ser também de doenças do sistema ósseo muscular. Por exemplo, se tem uma instabilidade muito grande de articulações, de artrose, de deformidade de ossos e de outras coisas, há mais chances de se ter quedas. Mas, geralmente, isso pode estar relacionado a problemas neurológicos, sejam eles uma neuropatia, uma Doença de Parkinson ou outras doenças degenerativas.

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Não é Normal Ter Esquecimentos Grave, Sistemático ou Frequente

Outra coisa que não é normal são os esquecimentos graves, sistemáticos ou frequentes. Tem uma velocidade de progressão – de uma dificuldade de memória –, especialmente para a memória episódica, de que acontece alguma coisa no dia, algum episódio e a pessoa não se lembra tanto daquilo.

Mas, normalmente, tem a memória de onde está; ela sabe se orientar no espaço e no tempo; sabe o dia, o mês, o ano – e até o dia da semana –, e a hora aproximada. A pessoa tem que saber onde e como se deslocar, as coisas importantes e muito notificadas, como quem é o presidente ou o governador, e quem são os parentes mais próximos. E ela não é de ficar contando a mesma história repetidas vezes e nem falando as mesmas coisas.

Porém, se vai faltando palavras para se comunicar, começa a querer fazer gestos ao invés de falar e de usar termos. O idoso não pode, às vezes, parecer engraçado, por estar contando sempre a história que gosta, porque ficar repetindo sempre as mesmas coisas não é normal.

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E é importante enxergarmos que tem um problema – pode ser alguma patologia neurológica – e que quão mais cedo descobrirmos, maior é a chance de podermos intervir e de termos um bom desfecho.

Insônia Não é Normal

Apesar de o idoso precisar dormir um pouco menos, ele não tem que ter insônia. Não é normal acordar de madrugada e dar três ou quatro horas da manhã e ele ficar acordado. Assim como também não é normal ficar acordando várias vezes à noite, muito menos para urinar toda hora. Sem contar as pausas na respiração durante o sono.

É muito comum as pessoas acharem que o idoso tem que levantar várias vezes à noite pra fazer xixi, mas isso não é verdade. Quando há problemas de controle urinário, eles estão relacionados, normalmente, aos distúrbios de ordem neurológica.

A próstata, por exemplo, está mais associada à dificuldade de esvaziar a bexiga. Ou seja, sai aquele jato fraco ou a bexiga não esvazia completamente, e o idoso acaba tendo vontade de querer ficar urinando várias vezes ao longo da noite. E isso pode estar relacionado com apneia do sono ou com fragmentação do sono por outras patologias neurológicas.

Se a pessoa também tem problemas para respirar durante a noite, como ronco muito intenso ou simplesmente se ela pausa a respiração enquanto dorme, isso também não é normal – isso é apneia do sono.

E a própria insônia – que é patológica – em que há uma dificuldade para iniciar o sono ou em que o indivíduo acorda antes do desejável. Apesar de todo mundo achar que o idoso dorme menos – ele tem uma necessidade de sono menor do que o jovem –, ainda sim deve dormir no mínimo 6 horas por noite.

Envelhecimento e as Emoções

Aliado a isso, outra coisa que não é normal de jeito nenhum é o idoso ter depressão, ficar só dentro de casa, resmungando, ansioso, irritado com as coisas ou ficar falando de morte ou de coisas negativas o tempo todo.
É comum de se ver idosos rabugentos, falando que está tudo ruim, que ficam reclamando, e que veem problema em tudo, mas isso não é normal, especialmente se a pessoa nunca foi assim.

Logo, se ela nunca foi depressiva, rabugenta, reclamona e ficou assim na terceira idade, tem que ficar muito atento e ver se isso não é um problema de alguma outra doença que esteja causando a mudança de comportamento.

Por mais que seja comum vermos idosos que não querem sair de casa e nem fazer nada, que só ficam falando de morte, de doença e de problemas, ter essa visão negativa do mundo não é normal e precisa ser investigada se não tem uma causa ou se não é uma continuidade de alguma doença que está vindo, às vezes, ao longo de toda a vida. E o melhor: tem tratamento.

Infecções Recorrentes no Idoso

Outra coisa que também não é normal de jeito nenhum, apesar de ser comum e de as pessoas deixarem muitas vezes para depois, são as infecções recorrentes no idoso, como as urinárias. É comum elas aparecerem no idoso e serem ignoradas, porque, não costumam apresentar sintomas típicos.

Às vezes, o idoso está ficando mais sonolento, confuso, devagar e isso é uma infecção urinária. No jovem, por exemplo, ela se reflete como dificuldade e/ou ardência para fazer xixi, dores e várias questões na bexiga e no ato de urinar.

Já no idoso, muitas vezes, ele nem se quer tem um mínimo de sensação de questão urinária, mas de humor, de lucidez, de energia e de confusão mental, que são os sintomas da infecção no corpo dele.

Além desta, outras infecções recorrentes são pulmonares sem serem propriamente as pneumonias. Se o idoso fica tendo constantemente refluxo ou micro aspirações quando está comendo ou deglutindo – fica tossindo e tendo aspirações para a traqueia – pode ter problemas na traqueia e nos brônquios, o que dá uma inflamação ou até mesmo uma infecção – e isso acaba piorando bastante o paciente do ponto de vista neurológico.

Outro local que tem infecções no idoso é a pele. Por exemplo, as mais comuns são nos pés, em que se pode ter erisipela, celulite – não aquela que as mulheres ficam preocupadas de afetar a estética da pele, mas no sentido de ser um tipo de infecção no tecido subcutâneo – e infecções fúngicas, porque é comum ter algum fungo na unha ou entre os dedos. Se isso ficar infectado por muito tempo e caso não seja dada a devida atenção, ele pode inflamar e piorar o quadro do idoso.

E outro local também muito comum de se ter infecções são os dentes ou a gengiva, principalmente se o paciente já tiver feito algum procedimento no qual se tirou as raízes ou a enervação do dente, porque ele perde a sensibilidade. Então se o dente ficar infectado e podre, ele acabará sendo ignorado.

A questão aqui é que o dente infectado pode dar muitos problemas sérios, como endocardite, infecções sistêmicas, inflamação ou até mesmo ativação de doenças reumatológicas. E infecções são coisas muito sérias e não podem ser ignoradas, principalmente as que são mais comuns nos idosos.

Dores Limitantes ou Incapacitantes

Outra coisa que é comum no idoso e que não é normal são as dores incapacitantes ou limitantes. É normal, em qualquer idade, termos alguma dor. Logo, é muito difícil encontrarmos alguém que não vivencie nenhum tipo de dor. Ter uma dor aqui, uma dor acolá, que são passageiras e que melhoram, faz parte da vida. E isso, temos desde que nascemos e vamos continuar tendo até a nossa morte.

Mas ficar tendo dor de cabeça, na articulação, na lombar, na cervical, no ombro, no pé ou em qualquer parte do corpo, que fica sendo contínua e incapacitando a pessoa, impedindo-a de fazer exercícios, caminhada, de levantar da cadeira, de sentar e de ficar em pé, não é normal e nem comum.

E não é toda dor que é do ortopedista. Este é um fenômeno complexo que precisa ser avaliado e tratado devidamente para que a pessoa tenha qualidade de vida. Da mesma forma que é uma das coisas que mais tira a qualidade de vida e que mais impede o idoso de fazer práticas que mantenha ele bem, especialmente, a atividade física.

O mais interessante é que a dor tem que ser abordada com os olhares sistêmicos do neurologista, do reumatologista, do ortopedista e do médico fisiatra, e em conjunto com as reabilitações. Ela é possível de ser vencida, mas desde que seja abordada da maneira adequada.

Envelhecimento e a Relação com o Peso

Os emagrecimentos rápidos e súbitos, perder o apetite do nada ou parar de evacuar também não são normais de maneira nenhuma. Isso tudo é errado, apesar de se ver comumente alguns idosos ficarem magros e esqueléticos Quando a pessoa começa a ter um emagrecimento rápido, está tendo alguma coisa errada no corpo que está facilitando ou provocando isso.

Caso seja algo provocado, muitas vezes tem que se pensar em doenças neoplásicas, como o câncer, porque ele faz a pessoa emagrecer. Se for perda do apetite e ela estiver ficando caquética, podem ser outros elementos, como depressão, patologias do tubo digestivo – que fica muito paralisado – e dificuldades na digestão.

Em outras situações são desencadeadas por dificuldades na dentição e na mastigação ou na deglutição. Ou, simplesmente, pela interação entre medicamentos que levam o idoso a perder o apetite. Assim como podem ser coisas mais comuns – apesar de hoje em dia serem mais raras, também têm que ser vistas –, como verminoses.

Se ele para de evacuar e vai tendo períodos longos para evacuar, isso é um elemento muito importante de ser avaliado, porque pode indicar alguma doença neurológica que está impedindo esta ação. Mas também pode ser um câncer, que cresce no tubo digestivo, impede ou dificulta a passagem da massa fecal e, consequentemente, a evacuação.

Relação com os Sentidos

Também não é normal, de maneira nenhuma, o idoso ficar com a visão ruim e não conseguir enxergar ou escutar, apesar de as pessoas terem esse conceito de que o idoso não ouve e nem vê nada.

Isso significa que está acontecendo alguma patologia nos olhos e na audição que está dificultando a percepção dos sentidos. E se o indivíduo não enxerga e nem escuta bem, dificulta muito a comunicação com o mundo externo e facilita a ter demência.

No idoso, a causa número um da dificuldade para enxergar é a catarata. Mas, não é somente ela. Precisa ter a avaliação correta: fazer exame de fundo dos olhos para ver se não está tendo problema na retina, de glaucoma, ou se não está havendo uma interação com medicamentos que afetam a visão.

E problema na audição, desde causas banais, como “rolha” de cerume – se não tira e fica grande, a pessoa não ouve e vai ficar surda. Como problemas propriamente ditos relacionados à própria audição temos otosclerose, que vai apresentando uma dificuldade ou mesmo um dano ao longo de toda a vida, ou às funções, como a questão da capacidade de mastigar ou de deglutir.

Não é normal o idoso ficar tendo dificuldade para mastigar ou deglutir os alimentos, ou para engolir líquidos. Caso ele esteja tossindo frequentemente enquanto toma líquido ou engasgue quando vai comer um pão, isso está errado. É preciso fazer uma avaliação, do porque isso está acontecendo, com os médicos neurologista, otorrinolaringologista e fonoaudiólogo, para que saiba se isso é neurológico, uma massa ou de alguma outra natureza.

Pressão e Glicose Altas

Da mesma forma que não é normal – apesar de ser comum – ter pressão alta, glicose alta e descontroles metabólicos. Se a pessoa está tendo uma pressão 15 por 09 e/ou uma glicose de 150, e acha que estão normais e boas, saibam que não é bem assim.

Precisamos perseguir e nos esforçarmos para termos controles glicêmicos, pressóricos e de outros parâmetros, como, do colesterol, de triglicérides e metabólicos sempre dentro da normalidade. Mesmo que seja comum ter alterações e mesmo que todos os idosos e vizinhos estejam com alterações, isso não é normal. Pelo contrário, são doenças e elas podem causar consequências que levam a infarto, AVC, trombose e doenças que, pior do que matar, podem deixar sequelas.

Igualmente não é normal a pessoa ficar quebrando ossos ou ter osteopenia e osteoporose. É comum e faz parte apresentarmos uma perda da densidade óssea, mas isso é dentro de uma escala de normalidade.

Ter ossos fracos é doença e não sinônimo de ser idoso. O ideal é que a pessoa tenha sempre normalidade de densidade óssea ou esteja pelo menos dentro da curva Z Score esperada para a idade dela.

Porque eles podem acabar dando problemas graves, como, por exemplo: qualquer mínima queda, mínimo traumatismo ou, às vezes, até se virar rápido no próprio eixo, ela pode começar a ter fratura de osso do fêmur ou de qualquer outro osso. Isso não é normal, especialmente nas mulheres, que têm maior tendência à osteoporose. Então, têm que ficar muito atentos e não deixar isso de lado só porque é comum.

Se você conhece algum idoso ou pessoas que se preocupam com eles, envie o link deste artigo para eles, pois pode chamar atenção para problemas que estão tendo no dia a dia, na frente deles e não estão valorizando. E se gostou do artigo, dê aquele like e compartilhe. Pois conhecimento, quanto mais compartilhado, melhor para todos.

Assista ao vídeo abaixo e compreenda melhor este assunto:

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