A Dieta Cetogênica no Tratamento de Epilepsia

A Dieta Cetogênica no Tratamento de Epilepsia

A dieta cetogênica no tratamento de epilepsia está indicada para crianças resistentes à terapia farmacológica. Basicamente, esta dieta consiste em uma rica ingestão de lipídeos e restrita em carboidratos.

Alguns pais de crianças com epilepsia podem ser céticos em relação a uma dieta cetogênica que pode controlar a epilepsia. Mas esta forma de alimentação é legítima e funciona muito bem em muitas pessoas.

Neste artigo, vamos conhecer melhor os aspectos desta dieta e como ela pode ajudar os pacientes com dificuldade para controlar as crises epilépticas.

Dieta Cetogênica no Tratamento da Epilepsia

Por ser rica em gordura e restrita em carboidratos, a dieta cetogênica leva a um aumento da oxidação dos ácidos graxos no organismo, com subsequente produção de corpos cetônicos.

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Ao reduzir a ingestão de carboidratos, o corpo é forçado a queimar gordura para obter energia. Este processo é chamado cetose: o mesmo processo que ocorre quando alguém está em jejum.

Quando há cetose sanguínea contínua, inicia-se uma fase de adaptação do metabolismo cerebral, depois da qual os neurônios passam a utilizar os corpos cetônicos em lugar da glicose como principal gerador de energia, sendo que o efeito terapêutico é a elevação do limiar convulsivo. Ou seja, tem um efeito protetor contra o início das crises convulsivas.

Embora se desconheça em sua totalidade o mecanismo de ação exato da dieta cetogênica, alguns autores demonstraram que os níveis sanguíneos de acetoacetato e β-hidroxibutirato possuem alguma relação com o grau de proteção contra crises epilépticas. Sugere-se que esta proteção esteja relacionada com um aumento das reservas cerebrais de energia.

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História

O reconhecimento do jejum como medida anticonvulsivante remonta ao século V a.c., sendo que Hipócrates já fazia referência a um homem com que teria curado a sua epilepsia com abstinência completa de alimentos.

Baseado nesses descritos, em 1921, a Dieta Cetogênica foi apresentada à comunidade científica pela Mayo Clinic e posteriormente divulgada e implementada pelo Hospital Johns Hopkins. Esta terapia passou a ter alguma popularidade no tratamento da epilepsia em crianças e adultos, já que nessa época a terapêutica farmacológica era escassa e praticamente limitada ao fenobarbital.

Com o aparecimento de novas medicações com propriedades antiepilépticas, a dieta foi caindo no esquecimento, apenas vindo a ressurgir nos anos 90, quando um canal televisivo americano apresentou a história de um rapaz com epilepsia resistente à terapia farmacológica: Charlie Abrahams que, submetido à dieta cetogênica no Hospital Jonhs Hopkins, teve as suas crises completamente controladas, destacando melhorias evidentes no seu desenvolvimento psicomotor.

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Como Charlie era filho de um produtor de Hollywood, sua história tornou-se um filme sobre os efeitos da dieta no tratamento da epilepsia (o filme se chama: Pela Vida do Meu Filho).

Como Iniciar a Dieta Cetogênica

Mesmo que esta pareça com uma dieta rica em gorduras e proteínas, como muitas das populares dietas que também podem induzir a um processo de cetose, a dieta cetogênica não é como uma típica dieta, sendo que você não pode fazê-la por conta própria.

É muito importante que o médico neuropediatra e uma nutricionista acompanhem a família durante a realização destas modificações alimentares. Do contrário, ela pode não funcionar ou mesmo não ser segura.

Se você está considerando a dieta cetogênica, fale sobre isso em sua próxima consulta, para ajustarmos juntos a realização destas alterações alimentares, de forma a garantir a eficácia da dieta.

Autora: Dra Paula Girotto

fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2902940/